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Empresas familiares no Brasil ainda enfrentam desafios na jornada digital

Apenas 15% dessas organizações estão com a digitalização em dia; especialistas apontam barreiras e caminhos para avanço.

Enquanto o mundo corporativo discute a integração da Inteligência Artificial nos processos de negócios, muitas empresas familiares brasileiras ainda estão atrasadas na transformação digital. Dados da pesquisa PwC/FDC, de 2021, indicavam que apenas 15% dessas organizações haviam modernizado suas operações. Embora tenha havido avanços desde então, a digitalização ainda representa um desafio significativo para esse modelo de negócio.

A cultura empresarial como obstáculo

Para Bianca Aichinger, ex-executiva, coach e sócia-proprietária da Quantum Development, a relação entre a adoção da tecnologia e o perfil conservador das lideranças familiares é um dos principais fatores que dificultam a modernização.

“Muitas dessas empresas foram fundadas em períodos de instabilidade econômica e política no Brasil, sob altas taxas de inflação, e são dirigidas por seus fundadores, pertencentes às gerações baby boomer e X. Esses perfis valorizam a estabilidade e adotam uma gestão mais conservadora, focada no controle rigoroso de custos e investimentos”, explica Bianca.

Principais desafios para a digitalização das empresas familiares

A especialista destaca cinco barreiras que dificultam a adoção da tecnologia nesse tipo de negócio:

Falta de conhecimento sobre o tema: Muitos fundadores reconhecem a importância da digitalização, mas não sabem por onde começar o processo.
Baixa tolerância ao erro: A inovação exige experimentação e aceitação de incertezas, o que contrasta com a gestão tradicional dessas empresas.
Estruturas pouco definidas: A falta de processos organizados dificulta a integração de novas tecnologias.
Baixo investimento em tecnologia: A digitalização exige a conexão de sistemas legados, implementação de novas plataformas e adaptação de processos, gerando custos que muitas empresas evitam assumir.
Falta de uma equipe especializada: Os profissionais de TI dessas empresas geralmente estão sobrecarregados com tarefas operacionais e não possuem uma visão estratégica de longo prazo.
Benefícios da digitalização para empresas familiares

Apesar dos desafios, investir em tecnologia é essencial para garantir a competitividade e a longevidade das empresas familiares. Entre os principais benefícios da digitalização, Bianca destaca:

Melhoria da eficiência operacional: A automação reduz erros e otimiza tempo e recursos.
Facilitação da sucessão e governança: Processos mais estruturados permitem uma transição mais tranquila entre gerações.
Maior capacidade de inovação: Empresas digitalizadas conseguem se adaptar mais rápido às mudanças do mercado e explorar novas oportunidades.
Como iniciar a jornada digital

Empresas familiares costumam ter dificuldades para iniciar a transformação digital por conta própria. Uma solução eficiente é buscar consultoria especializada, que ajude a traçar um plano estratégico de digitalização.

“Um diagnóstico detalhado da estrutura tecnológica e dos processos existentes é essencial para definir um plano de ação alinhado aos objetivos do negócio”, explica Bianca.

No entanto, a transformação digital vai além de investimentos em tecnologia. É necessário promover uma mudança cultural dentro da organização. “A liderança precisa incentivar a reflexão sobre novos valores e formas de trabalho, garantindo que a empresa esteja preparada para as necessidades do mercado e de seus colaboradores”, conclui.

A Inteligência Artificial e o futuro das empresas familiares

O atraso na digitalização também impacta a adoção da Inteligência Artificial (IA) nesses negócios. De acordo com a Pesquisa Global NextGen 2024 da PwC, 89% dos jovens herdeiros de empresas familiares no Brasil consideram a IA generativa uma ferramenta transformadora. No entanto, muitos duvidam da capacidade de suas organizações de implementá-la efetivamente.

“A adoção da IA exige maturidade tecnológica e processos bem estruturados. Antes de chegar a esse estágio, é necessário revisar toda a arquitetura de sistemas e criar uma cultura organizacional mais aberta às mudanças”, finaliza Bianca.

Com um mercado cada vez mais digital e dinâmico, a modernização das empresas familiares não é mais uma opção, mas uma necessidade para garantir a perenidade dos negócios.

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